domingo, 29 de julho de 2012

Uma conversa sobre a vida de Gonzaguinha





E a vida! E a vida o que é? Diga lá meu irmão…

Digo! A vida nada mais é que uma caminhada pra um rumo certo, até mesmo pra aqueles que andam em círculo. Não sabemos quando, porém sabemos que um dia ela terá fim. Isso é certo. “A dona morte não escolhe cara”, já cantava o poeta Naum. O fato é que a gente quer mais é distância dela. Lutamos incansavelmente pela vida e que esse fim se afaste. Suma. Escafeda-se. Como diria um sujeito nada otimista, – E eu lá vou contar com arrebatamento! Tô de olho mesmo e na dona morte. De olho pra fugir dela e que ela fique bem longe.
Ela é a batida de um coração… Desde quando nascemos a gente já luta pela vida. O doutor confere o coração e a mamãe garante que ele bate mais rápido quando ouvimos sua voz. Então, choramos pedindo leite quente e imploramos pra que alguém nos embale até não aguentarmos mais e nos entregarmos de vez ao sono, (embalo de bercinho ou rede é como anestesia geral), aí o tempo passa e a gente começa a soltar algumas frases tipo “quénaná” , “fez pôpô” e sempre tem alguém por perto que entende tudo.
Ela é uma doce ilusão… De repente vêm os passinhos, os tombos, as teimas, o ter que repartir, compartilhar, ou seja, a descoberta de que o mundo não é só nosso, mas é legal. Descobrimos no meio do alvoroço que somos menino ou menina e até os banheiros são separados, que coisa!
Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou é lamento?… Por ser uma caminhada, tem uma trilha cheia de obstáculos. A sugestão da “tia” do prezinho, é que se tente levar uma vida de maneira agradável respeitando os coleguinhas, o papai e a mamãe e os mais velhos. Mas tem colega do prezinho que prefere viver a vida perigosamente. A verdade é que os extremos são marcantes.
O que é, o que é meu irmão? Há quem fale que a vida de gente é um nada no mundo… Até que percebemos que o mundo ao mesmo tempo, está de olho em nós e nem tchum pra nossa adolescência. A gente “sabe” que é normal, mas ouve nos chamarem de “aborrescente” e isso nos aborrece. Claro! Só queremos ser vistos, mais nada.
É uma gota, é um tempo que nem da um segundo... É embaraçoso ser tratado como criança quando a gente entende que já é quase jovem, mas é muito chato ser cobrado como um jovem quando só queremos brincar de ser o que somos. Crianças! Isso é muito complicado. Sem falar que estamos na dúvida entre ser um atleta olímpico ou montar uma banda. Mas logo nos vemos tomando decisões, todos esperam que nossas escolhas profissionais sejam maduras (as que eles preferem pra nós) mesmo que do alto de nossos 16 pra 17 anos e diante do monstro do vestibular.
As pessoas começam a ver alguém de futuro brotar de nós. Um engenheiro, um advogado, um médico… Que importa? Temos é que responder com atitude, sermos bons profissionais em alguma coisa e de preferência com um casamento encaminhado. Como assim? Já?
Há quem fale que é um divino mistério profundo… Aquela canseira de apresentar o “bem”, almoço com pra conhecer a família, já passou, agora é programar um filhote, escolher o nome mais bonito entre os trilhões já existentes na face da terá e achar nele algumas coisas, além do branco do olho que se pereça conosco. Então dizemos: – Olha que coisa linda e perfeita, nosso filho é um presente de Deus. E é.
É o sopro do Criador numa atitude repleta de amor… Ufá! Como dá trabalho criar um filho e o pior é que ele sempre repete nossas travessuras, por outro lado trazem uma alegria pra casa “sem quantia”. Só é difícil imaginarmos que aquela coisinha gerada por nós cresceu, arrumou sua cara-metade e já vai ter o seu filhinho. Seu filhinho não, meu netinho. Só Deus pra explicar esse mistério. E o pior – ou melhor – é que o nosso lado criança, meio inconsequente, do contra e tal, aflora. Todas as balas, chicletes, chocolates, picolés e sorvetes são permitidos pra um netinho, ou vários. Nada paga aquele olhar de “O vovô é suuuuuper legal”. He!
Você diz que é luxo e prazer. E ser vovô é legal mesmo, temos um certo conforto, mas estamos sempre alertas. A vida tem suas surpresa e o tempo não perdoa. Você sente umas dorzinhas que não se afastam nem pra dormir e, dormir tarde, já era. Sal é uma coisa a ser administrada, pressão alta…
Ele diz que e vida é viver. Ela diz que melhor é morrer, pois amada não é e o verbo é sofrer… Fato é que os realizamos ao ver nossa prole bem. Nessa fase sempre encontraremos alguém reclamando da vida, de tudo e de todos não vendo sentido algum na existência. Pois eu quero é aproveitar esse tempo pra contar histórias de vida e dar bons conselhos.
Eu só sei que confio na moça e na moça eu ponho a força da fé… O fim bate à porta. Mas vamos lutar pela vida com todas as nossas forças em todas as festinhas possíveis da terceira idade. Sem esquecer das excursões pra aproveitarmos as águas quentes e termais de Caldas Novas-GO. Tem sempre uma equipe jovem cuidando pra que a gente não caia, nem do ônibus.
Somos nós que fazemos da vida como der, ou puder, ou quiser. Agora é olhar pra vida e dizer: Valeu cada conquista, cada luta pelo amadurecimento adquirido, enfim, valeu ter vivido.
Sempre desejada, por mais que esteja errada Mas ainda temos tanta vida, tantos ensinamentos, tanto mimo da família. É bom sabermos que o respeito resiste e que todo mundo chama a gente de fofinho, mesmo com as orelhas já estejam bem maiores, o corpo sem agilidade, algumas marcas naturais que apelidamos de rugas e elas são interessantes porque nos aproximam dos colegas de dominó, do sol antes das 10h no banquinho da praça, de chás, de histórias antigas que só a gente gosta de repeti-las e ouvi-las. E a vida… Ah!,a vida é vista como um quadro belo, bem pintado, cheio de detalhes e de algumas coisas com idéia de incompletas no cantinho da tela. Coisas do artista. Alguns detalhes a gente pula, outros a gente se demora olhando e um “filme” vai passando, passando…
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte E aí percebemos que o fim já se aproxima exatamente pra concluir aquele pedacinho fosco que ainda falta no cantinho da tela. E a gente entende o quadro da vida. Todo mundo já faz uma conta aproximada. Nada de daqui a 18 anos, sabemos que não dá mais tempo, é tudo tão rápido, “a vida passa, num pensamento”.
E a pergunta roda e a cabeça agita. Com as suas entrelinhas e pinceladas, é assim que a vida passa por nós. Há quem acredite que tudo se acaba ali. Eu não. Eu creio na eternidade.
Eu fico com a pureza da resposta das crianças… Não da pra esquecer as palavras de Jesus: “deixai vir a mim as crianças por que delas é o reino dos céus.” Não importa a fase da vida, importa sim, que a criança que não sai de dentro de nós corra pros braços do Pai, antes que seja tarde e o reconheça como aquEle que se entregou nós, nos chama de filhos e nos concede a vida eterna.
É a vida, é bonita e é bonita.
Viver! E não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz…
Ah meu Deus! Eu sei, eu sei que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita é bonita.
* Letra de Gonzaguinha: O que é, o que é?
Um xêro pra quem gosta da gente

Rubão

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