terça-feira, 14 de agosto de 2012

Dia de compras!!!



Ontem foi o dia das compras do mês. Não preciso de listas, são poucas coisas.

Legumes e frutas eram prioridades.

Comprei alguns pêssegos que levei vários minutos para escolher. 

Empacotei tudo e o rapaz do mercado me ajudou a montar uma caixa com as compras, pois vou de bicicleta. Amarramos a caixa na garupa.

Na volta, esqueci das compras, fiz uma manobra radical de pular a sarjeta, que aqui eles conhecem como meio-fio, a caixa virou e os pêssegos voaram.

Deu para salvá-los. Cheguei em casa e os lavei, mas alguns deles estavam machucados e amargos.

Fiquei com a fruta em mãos pensando nisso.

Machucados e amargos.

Amargos depois de uma batida, de uma pancada, de um voo louco rumo ao chão.

E pensei em mim.

Em nós.

Não são raras as vezes que nos tornamos amargos por causa de nossos machucados.

Nos tornamos inapreciáveis, sem sabor, amargos... azedos.

Parece que a única coisa que sobra em nós é um coração duro como caroço de pêssego.

Então, falei com Deus, balbuciei:

- Deus, me ajude a não ficar amargo com essas pancadas todas!

Quem de nós não as leva?

São manobras inconsequentes, descuidado, quedas ao acaso, alguns que querem nos ver machucados, outros que apertados na mesma sacola de compras nesse mercado-mundo nos descascam, outros que nós machucamos...

Mas todos nós, uma hora ou outra, levamos pancada.

E o milenar questionamento é:

Como reagir às pancadas? 

É o pensamento sartreano: O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.

Nosso coração precisa de pacificação. Isso não quer dizer que as pancadas não trarão dores. As dores trarão choros. Mas não podemos fazer da dor e do choro uma amargura ou uma eterna revanche.

Já dizia o mestre Ghandhi: Olho por olho e todos seremos cegos.

Afinal de contas, é o tempo todo que machucamos e somos machucados!

Sem revanchismo, na hora da dor. Talvez a maior revanche seja se colocar em pé e continuar em paz, apesar das dores.

Afinal, o que irrita mais a um inimigo que uma pessoa que enfrenta as derrotas de frente, se coloca em pé das quedas e continua a viver em amor e graça e para piorar, com um sorriso sincero no rosto?

Coincidentemente, as pessoas que conheci que mais sorriam e eram generosas, felizes e gentis foram as que conviviam com muitas dores. A dor pode nos tornar amargos e duros como caroços, ou mais sensíveis como os pêssegos.

E apanhar é uma coisa que tenho aprendido bem. Luto para que eu não fique encaroçado em ressentimentos e rancores, mas que seja casca dura pra aguentar quanta bordoada vier e com o coração amolecido e sensível e não ao contrário, mole por fora e duro por dentro.

Que eu aprenda a andar a segunda milha. A primeira milha eu ando comigo mesmo para acostumar à caminhada e aos desafios do caminho.

Há buracos e malucos de bicicleta e algumas quedas e machucados são inevitáveis. 

Já não importa como caímos e nos machucamos, como cairemos e nos machucaremos, mas importa sim, saber como andaremos depois que levantarmos.

E Deus sempre conserta nossos corações se Lhe entregarmos os pedaços.

Mesmo os corações mais encaroçados.


Gito

Um comentário:

  1. Como Deus guia o Gito em suas palavras! Ao ler o final, foi o mesmo que ouvi-lo dizer: Vamos orar?
    E foi o que fiz, e sugiro a todos fazerem.
    Que Deus os abençoe!
    Aline

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